Sango acreditou em Osun. Nem por um momento na ingenuidade de Obá.
Repudiou Obá e passou a ignorar sua presença.
Obá sempre foi governante de Oyó na ausência de Sango, mas seus esforços não foram reconhecidos.
Obá então manda uma mensagem pedindo ajuda ao seu pai Osalá, que ele fosse até Oyó para que ela lhe fizesse um pedido.
Na presença de Osalá, Oba se curva e então o diz:
"Orisa'Nla eu sou Y'Obba Ananí, chamada também de Obá, sou sua filha e da rainha Yemowô.
Eu venho antes de tudo dar-lhe oferendas e Ebós em agradecimento, obrigado por tudo, eu quero lhe agradecer a felicidade que o senhor me deu nesta vida meu pai."
Depois de recitar estas palavras a seu pai Osalá, Obá começou a chorar.
O encontro do Pai com sua filha era um momente extremamente triste no reino de Oyó.
Ele sabia que o sofrimento que sua filha estava passando pelo fracasso de seu casamento.
Osalá sabia da maldade de Osun e do efeito da sua maledicência e inveja, mas nada colocaria em dúvida o bom caráter de Obá, sua filha era alguém que nunca perdeu a bondade e somente ela teve a capacidade de ensinar e orientar os habitantes do reino como ela tinha feito.
O incidente da mutilação de sua orelha não foi o suficiente para que sua bondade fosse destruída, mas o coração de Obá estava escuro de tanta tristeza e desolação.
Obá nunca poderia ter confiado em Osun, mas depois de sua experiência amistosa com Oyá. ela achou que Osun também tinha um bom coração. Que erro...
Obá agora havia assumido um aspecto sombrio e misterioso desde que Sangô a deixou sozinha.
Obá começou a se queixar para Osalá, entre ela soluços e lágrimas:
"Babá mi (Meu Pai) e se eu não quiser continuar neste lugar?
Todo mundo vai vir a conhecer a minha vergonha e minhas tristezas. Eu lhe chamei aqui para pedir-lhe para me enviar para um lugar onde ninguém vai me ver ou falar comigo.
É aqui dentro de mim que a tristeza é nascida na terra."
Tendo terminado as suas palavras, Osalá encarando sua filha, sentiu seu coração doer. Ele teve pena ao olhar para ela e ver que não havia nada além de tristeza dentro de seu ser, não havia mais nada daquela Obá guerreira que foi o orgulho de sua família por muitos anos.
Ele então lhe diz:
Y'Obba Ananí... Obá Y'omokenkere (Obá minha filhinha) eu vejo que você não pode mais viver aqui no reino de Oyó e viver amargurada e desconfiando dos humanos por causa do mal que se esconde dentro eles.
Não consigo pensar em um lugar adequado onde você pode encontrar a sua tranquilidade. Eu
só consigo pensar em um lugar, onde tão poucos costumam visitar e falar com aqueles que se
passaram ali, que é o verdadeiro local onde está o significado do abandono. Lá é onde seres humanos se esquecem de visitar e ao longo do tempo abandonam todos que estão lá.
Este lugar é o Ile Iku (Cemitério).
Junto dos túmulos abandonados daqueles que já passaram para o Ará-Orun (Céu espiritual), lá tu terás paz e silêncio.
Sem dizer uma palavra, Obá abraçou seu pai pela última vez e marchou rumo ao cemitério, onde deixaria seu corpo carnal e se tornaria um Orisá, como tantos outros de sua família.
Obá sentiu a real dor causada pela inveja e maldade de Osun.
Mas antes de morrer ela se vingou de Osun.
Obá agora está no Orum e sua humilhação já foi esquecida.
Obá Sire!